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{"id":195,"date":"2017-09-04T17:46:47","date_gmt":"2017-09-04T20:46:47","guid":{"rendered":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/?p=195"},"modified":"2017-09-18T08:08:46","modified_gmt":"2017-09-18T11:08:46","slug":"o-sentimento-da-crianca-apos-o-cancelamento-da-guarda-provisoria","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/o-sentimento-da-crianca-apos-o-cancelamento-da-guarda-provisoria\/","title":{"rendered":"O Sentimento da Crian\u00e7a Ap\u00f3s o Cancelamento da Guarda Provis\u00f3ria"},"content":{"rendered":"

Resumo<\/strong>: O presente artigo tem por objetivo apresentar \u201co sentimento da crian\u00e7a ou adolescente ap\u00f3s o cancelamento da guarda provis\u00f3ria\u201d realizado em um abrigo no munic\u00edpio de Caratinga- MG. Foi realizada uma entrevista com duas meninas abrigadas ap\u00f3s o cancelamento da guarda provis\u00f3ria, sendo uma adolescente de 16 anos e uma crian\u00e7a de 8 anos. A entrevista objetivou conhecer o sentimento dessas crian\u00e7as ap\u00f3s o cancelamento da guarda provis\u00f3ria e mais especificamente conhecer as consequ\u00eancias trazidas a essas crian\u00e7as nesse processo. Embora se esperasse que as consequ\u00eancias fossem negativas, os resultados apresentaram uma controv\u00e9rsia, visto a satisfa\u00e7\u00e3o por parte das crian\u00e7as em retornar ao abrigo, as mesmas afirmaram n\u00e3o terem se adaptado e vivido conflitos familiares, demonstrando satisfa\u00e7\u00e3o no retorno ao abrigo, sendo essas consequ\u00eancias positivas \u00e0 vida dessas crian\u00e7as.<\/p>\n

Palavras-chave<\/strong>: Crian\u00e7a, ado\u00e7\u00e3o, cancelamento da guarda provis\u00f3ria.<\/p>\n

Abstract:<\/strong>\u00a0The aim of this present article is to show the feelings of the child or teenager after the temporary custody cancellation, held in a shelter in the city of Caratinga-MG. An interview with two girls sheltered after the cancellation of temporary custody, being a 16 year old and a 8 year old was held. The interview aimed to know the feeling of these children after the cancellation of temporary custody and more specifically knowing the consequences brought to these kids in the process.\u00a0 Although it was expected that the consequences were negative, the results showed a controversy, as satisfaction on the part of children to return to the shelter, they said they had not adapted and experienced family conflict, demonstrating satisfaction in returning to the shelter, being positive these consequences to the lives of these children.<\/p>\n

Keywords:<\/strong>\u00a0Children, adoption, cancellation of custody.<\/p>\n

1. Introdu\u00e7\u00e3o<\/h2>\n

A ado\u00e7\u00e3o \u00e9 uma medida protetiva e uma das formas de coloca\u00e7\u00e3o em fam\u00edlia substituta que estabelece o parentesco civil entre adotante e adotado, certamente a mais completa, uma vez que torna filho (sem qualquer distin\u00e7\u00e3o) do requerente a pessoa (crian\u00e7a ou adolescente) que se adota (Fortes, 2013). Assim a crian\u00e7a ou adolescente passa a conviver com a fam\u00edlia substituta, mas antes da ado\u00e7\u00e3o ser decidida h\u00e1 um per\u00edodo de guarda provis\u00f3ria como descrito no Estatuto da Crian\u00e7a ou adolescente (1990) no Art. 46. \u201ca ado\u00e7\u00e3o ser\u00e1 precedida de est\u00e1gio de conviv\u00eancia com a crian\u00e7a ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judici\u00e1ria fixar, observadas as peculiaridades do caso.\u201d<\/p>\n

Embora n\u00e3o seja muito conhecido, h\u00e1 constantes devolu\u00e7\u00f5es de crian\u00e7as nesse per\u00edodo de guarda provis\u00f3ria, onde a crian\u00e7a passa por todo um processo e se v\u00ea novamente no abrigo onde estiveram \u00e0 espera de uma fam\u00edlia.<\/p>\n

\u201cDo ponto de vista psicol\u00f3gico, a ado\u00e7\u00e3o se fundamenta na premissa de que a integra\u00e7\u00e3o a uma nova fam\u00edlia possibilita \u00e0 crian\u00e7a reconstruir sua identidade a partir do estabelecimento de um relacionamento satisfat\u00f3rio com as novas figuras parentais\u201d (Santos,\u00a0et. al.<\/em>\u00a02003). A ado\u00e7\u00e3o possibilita uma reconstru\u00e7\u00e3o de identidade a partir do v\u00ednculo. A crian\u00e7a quando chega ao lar substituto necessita de carinho, aten\u00e7\u00e3o, amor, e principalmente respeito. Para que esse processo ocorra de maneira saud\u00e1vel \u00e9 preciso que tanto os pais adotantes como as crian\u00e7as estejam preparadas emocionalmente. Se n\u00e3o ocorrer essa prepara\u00e7\u00e3o e estrutura\u00e7\u00e3o do desejo de ado\u00e7\u00e3o pelos pais e pelas crian\u00e7as pode ocorrer a ruptura do v\u00ednculo colaborando para a ideia de devolu\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as \u00e0 justi\u00e7a trazendo consequ\u00eancias consider\u00e1veis.<\/p>\n

O ato de adotar compreende irrefut\u00e1vel vontade, amor e desejo em se criar um v\u00ednculo parental com um estranho. Ultrapassa-se, assim, a barreira consangu\u00ednea, seja, dentre outros motivos, porque os adotantes n\u00e3o podem ter filhos ou pela vontade de aumentar o instituto familiar, ou se criar uma fam\u00edlia. (Toledo, 2013)<\/p>\n

Verifica-se a necessidade de levar a sociedade a conhecer o sentimento da crian\u00e7a ou adolescente ap\u00f3s a devolu\u00e7\u00e3o \u00e0 justi\u00e7a pelos adotantes. Para que assim haja uma conscientiza\u00e7\u00e3o da sociedade a adotar em decis\u00e3o firme e tenha certeza de tal atitude, contribuindo assim para a diminui\u00e7\u00e3o de guarda provis\u00f3ria mal sucedida. Por esse motivo levanta-se a hip\u00f3tese de que conhecer as consequ\u00eancias, sejam elas positivas ou negativas, levam a sociedade \u00e0 conscientiza\u00e7\u00e3o da seriedade a qual a ado\u00e7\u00e3o deve ser tratada.<\/p>\n

2. Materiais e M\u00e9todos<\/h2>\n

O Estatuto da crian\u00e7a e do adolescente ECA (1990) garante no Art. 19. \u201cToda crian\u00e7a ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua fam\u00edlia e, excepcionalmente, em fam\u00edlia substituta, assegurada a conviv\u00eancia familiar e comunit\u00e1ria, em ambiente livre da presen\u00e7a de pessoas dependentes de subst\u00e2ncias entorpecentes\u201d.<\/p>\n

E ainda no Art. 22. afirma: Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educa\u00e7\u00e3o dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obriga\u00e7\u00e3o de cumprir e fazer cumprir as determina\u00e7\u00f5es judiciais.\u201d<\/p>\n

Caso esses direitos da crian\u00e7a n\u00e3o sejam garantidos pela fam\u00edlia ocorre a destitui\u00e7\u00e3o do poder como prev\u00ea o estatuto (ECA 1990) no Art. 24.: \u201ca perda e a suspens\u00e3o do\u00a0poder familiar\u00a0ser\u00e3o decretadas judicialmente, em procedimento contradit\u00f3rio, nos casos previstos na legisla\u00e7\u00e3o civil, bem como na hip\u00f3tese de descumprimento injustificado dos deveres e obriga\u00e7\u00f5es a que alude o art. 22.<\/p>\n

Muitas crian\u00e7as e adolescentes se encontram em um abrigo pela neglig\u00eancia, irresponsabilidade ou viol\u00eancia dos pais biol\u00f3gicos, que n\u00e3o cumprem o dever de fam\u00edlia que \u00e9 cuidar, dar aten\u00e7\u00e3o, carinho, prover o sustento e principalmente proporcionar amor. Segundo Franzolin (2010) \u201ca crian\u00e7a vem ao mundo na depend\u00eancia completa dos pais. Ela requer amor, cuidado, vigil\u00e2ncia, prote\u00e7\u00e3o, afeto, afeto, afeto, afeto e afeto… e mais afeto!\u201d<\/p>\n

A fam\u00edlia \u00e9 a base de qualquer ser humano e muito importante no desenvolvimento de uma crian\u00e7a, pelo fato de serem dependentes: de colo, carinho e afeto, como nos afirma Silva, (2012) \u201cPertence \u00e0 fam\u00edlia o dever de educar, orientar, criar, proteger, enfim, deve lutar e procurar todo o recurso necess\u00e1rio ao bem estar de seus membros.\u201d E a fam\u00edlia biol\u00f3gica por n\u00e3o propiciar essa base, perde a guarda de seus filhos que s\u00e3o encaminhados a institui\u00e7\u00f5es de abrigo. Esses deveres dos pais biol\u00f3gicos, s\u00e3o exigidos tamb\u00e9m dos adotantes para garantir o desenvolvimento saud\u00e1vel da crian\u00e7a.<\/p>\n

Alexandre (2004), apud Bowlby, (1990) reflete que uma crian\u00e7a que tem pais afetivos e vive em um lar bem estruturado, no qual encontra conforto e prote\u00e7\u00e3o, consegue desenvolver um sentimento de seguran\u00e7a e confian\u00e7a em si mesmas e em rela\u00e7\u00e3o \u00e0queles que convivem com ela.<\/p>\n

Tamb\u00e9m Alexandre, (2004) diz ser essencial o entendimento de que a priva\u00e7\u00e3o de la\u00e7os afetivos durante a inf\u00e2ncia interfere no desenvolvimento saud\u00e1vel da crian\u00e7a, podendo afetar suas rela\u00e7\u00f5es com o outro e com o meio que a cerca.<\/p>\n

As situa\u00e7\u00f5es citadas indicam que um envolvimento saud\u00e1vel entre adotantes e adotados pode ser muito ben\u00e9fico para ambos, principalmente para a crian\u00e7a em desenvolvimento, na sua constru\u00e7\u00e3o de identidade. Lamentavelmente em algumas situa\u00e7\u00f5es esse envolvimento n\u00e3o ocorre de maneira salutar, ocorrendo por parte dos adotantes o desejo de cancelamento da guarda provis\u00f3ria. Isso ocorre pelo fato de nem os pais, nem as crian\u00e7as se adaptarem ou talvez seja tamb\u00e9m pelo desejo de ado\u00e7\u00e3o n\u00e3o ter sido, em decis\u00e3o tranquila e em desejo livre e verdadeiro de amar.<\/p>\n

O cancelamento da guarda provis\u00f3ria pode indicar poss\u00edveis falhas no processo de ado\u00e7\u00e3o, especificamente de adapta\u00e7\u00e3o no ambiente familiar, inicialmente pelo fato do estranhamento das crian\u00e7as em estar em um novo lar e posteriormente por n\u00e3o se afei\u00e7oarem e at\u00e9 mesmo n\u00e3o ocorrer o apego e o v\u00ednculo necess\u00e1rios para uma boa conviv\u00eancia familiar.<\/p>\n

Vargas (1998) recorda \u00e0 necessidade de uma prepara\u00e7\u00e3o das partes no processo de ado\u00e7\u00e3o, como j\u00e1 exposto a ado\u00e7\u00e3o deve ser firmada em decis\u00e3o tranquila e essa prepara\u00e7\u00e3o \u00e9 important\u00edssima nesse processo.<\/p>\n

Um dos fatores que pode ocasionar ent\u00e3o o cancelamento da guarda provis\u00f3ria \u00e9 a n\u00e3o prepara\u00e7\u00e3o adequada tanto dos adotantes quanto dos adotados.Pode acontecer de as pr\u00f3prias crian\u00e7as ou adolescentes desistirem da fam\u00edlia substituta, pois n\u00e3o havendo satisfa\u00e7\u00e3o e bem-estar n\u00e3o h\u00e1 porque continuarem.<\/p>\n

Outro fator que pode ter grande influ\u00eancia na devolu\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as \u00e9 a ado\u00e7\u00e3o tardia conforme Ebrabim, (2001) apud Vargas e Weber (1996) que descrevem casos cl\u00ednicos psiqui\u00e1tricos criando uma clara distor\u00e7\u00e3o, que leva \u00e0 associa\u00e7\u00e3o da ado\u00e7\u00e3o com problemas e fracassos. Podendo haver fracassos mais recorrentes de ado\u00e7\u00e3o tardia.<\/p>\n

De acordo com Ebrabim, (2001) \u201cos conceitos dos adotantes quanto \u00e0 ado\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as mais velhas, e que surgem como forma de justificar a prefer\u00eancia por beb\u00eas, relacionam-se fundamentalmente, com a dificuldade na educa\u00e7\u00e3o.\u201d E essa dificuldade na educa\u00e7\u00e3o torna-se um divisor de \u00e1guas na ado\u00e7\u00e3o tardia.<\/p>\n

Tamb\u00e9m Ebrabin (2001) afirma que \u201co fato da maior parte dos adotantes de beb\u00eas ser casada e n\u00e3o ter filhos fundamenta os principais motivos descritos por estes para a realiza\u00e7\u00e3o das ado\u00e7\u00f5es, como: \u201cn\u00e3o ter os pr\u00f3prios filhos\u201d e \u201cpara se sentir mais completo\u201d. Os adotantes ent\u00e3o sentem o desejo de adotar para se sentirem mais completos e por n\u00e3o possu\u00edrem filhos ainda.<\/p>\n

Por outro lado \u00e9 relevante ressaltar que muitas crian\u00e7as abrigadas se sentem seguras e \u201ccuidadas\u201d na institui\u00e7\u00e3o. E quando ocorre a devolu\u00e7\u00e3o da crian\u00e7a ou adolescente por algum motivo h\u00e1 uma hip\u00f3tese que essa volta ao abrigo seja satisfat\u00f3ria ou at\u00e9 mesmo de alegria como nos afirma Guar\u00e1, (2006) \u201csendo um lugar passageiro para a maior parte das crian\u00e7as e dos adolescentes, uma casa de acolhimento institucional \u00e9 tamb\u00e9m um lugar que pode dar a eles uma oportunidade de viver uma experi\u00eancia de cuidado e aceita\u00e7\u00e3o, um lugar onde podem receber apoio e seguran\u00e7a para que participem plenamente da vida cidad\u00e3.\u201d Considerando que essas institui\u00e7\u00f5es possuem atividades s\u00f3cio-educativas e recreativas.<\/p>\n

Dado o exposto percebe-se que o cancelamento da guarda provis\u00f3ria pode ser tratada como consequ\u00eancia positiva ou negativa na vida da crian\u00e7a ou adolescente dependendo da experi\u00eancia obtida por ela no conv\u00edvio familiar no processo de ado\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Foi realizada uma entrevista estruturada aberta com duas crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de cancelamento de guarda, junto a um abrigo na cidade de Caratinga-MG. A pesquisa foi realizada qualitativamente visando abordar os aspectos psicol\u00f3gicos relacionados aos sentimentos descritos pelas duas meninas. Foram feitas pelo psic\u00f3logo do abrigo algumas observa\u00e7\u00f5es importantes da hist\u00f3ria de vidas dessas meninas antes da realiza\u00e7\u00e3o da entrevista diretamente com elas.<\/p>\n

Quanto aos instrumentos foram utilizados: papel sulfite A4, caneta esferogr\u00e1fica azul, um caderno para anota\u00e7\u00f5es, tinta para impress\u00e3o das entrevistas e a sala do psic\u00f3logo do abrigo.<\/p>\n

3. Resultados<\/h2>\n

A partir dos resultados obtidos com a aplica\u00e7\u00e3o da entrevista pode-se constatar que nesse caso espec\u00edfico \u00e0s consequ\u00eancias do cancelamento da guarda provis\u00f3ria foram muito positivas, pois os relatos tanto da adolescente de dezesseis anos, quanto da crian\u00e7a de oito anos conclu\u00edram ser melhor estar no lar a estar com a fam\u00edlia adotante.<\/p>\n

Quanto \u00e0 entrevista foi realizada primeiramente com a adolescente de 16 anos sendo que a menina de 8 anos estava presente, importante ressaltar que as duas s\u00e3o irm\u00e3s e foram juntas para a guarda provis\u00f3ria. As meninas ser\u00e3o identificadas com nomes fict\u00edcios, a adolescente como Samara e a crian\u00e7a como Tatiane.<\/p>\n

Quando perguntadas se haviam morado em alguma institui\u00e7\u00e3o antes da tentativa de ado\u00e7\u00e3o, ambas responderam que sim. Foram questionadas sobre a data em que foram morar com os adotantes, e responderam a mesma data de 17 de novembro de 2012, j\u00e1 que foram juntas. Em rela\u00e7\u00e3o ao tempo de perman\u00eancia com a fam\u00edlia substituta foi de 1 ano e 7 meses. Quanto ao relacionamento com a fam\u00edlia adotante, ambas relataram ser \u201cmais ou menos\u201d, Samara dizia ter momentos bons, mas tamb\u00e9m momentos ruins; Na adapta\u00e7\u00e3o Samara disse que no in\u00edcio foi muito bom e que eram tratadas de maneira tranquila, j\u00e1 Tatiane disse apenas que foi bom. Quando perguntadas do sentimento delas quando soube do cancelamento da guarda provis\u00f3ria Samara disse que se sentiu aliviada e muito bem quando soube e disse ainda que foi ela quem pediu para voltar ao abrigo, pois relatou haver muitos conflitos entre os adotantes e ela, Tatiane respondeu apenas que ficou feliz; foram questionadas se sentiam falta da fam\u00edlia adotante, ambas responderam que n\u00e3o. Perguntou-se tamb\u00e9m como elas se sentiam agora com o retorno ao abrigo Samara declarou estar se sentindo melhor do que antes com a fam\u00edlia adotante e Tatiane disse estar feliz. Quanto \u00e0s expectativas para o futuro, Samara disse n\u00e3o querer mais ser adotada, mas tem sonhos, quer terminar os estudos trabalhar ter sua pr\u00f3pria casa e fazer faculdade de Medicina. Tatiane demonstrou desejo de ser adotada novamente por outra fam\u00edlia. E por fim foram questionadas de como era a rotina di\u00e1ria de cada uma; Samara estuda de 7:00 \u00e1s 11:20 e na parte da tarde ajuda a cuidar das crian\u00e7as menores; Tatiane na parte da manh\u00e3 brinca faz aula de refor\u00e7o, algumas vezes na semana faz aula de m\u00fasica e artesanato e estuda na parte da tarde.<\/p>\n

4. Discuss\u00e3o<\/h2>\n

Como foi relatado, a experi\u00eancia de ado\u00e7\u00e3o para essas duas meninas n\u00e3o foi amistosa e construtiva; para elas \u00e9 melhor estar no abrigo. Dado o exposto \u00e9 importante ressaltar que apesar de estarem melhor agora do que antes e as consequ\u00eancias da devolu\u00e7\u00e3o para elas serem positivas, a experi\u00eancia vai ficar em suas lembran\u00e7as para o resto de suas vidas e isso talvez n\u00e3o seja bom.<\/p>\n

Anteriormente pensava-se que a experi\u00eancia da devolu\u00e7\u00e3o traria apenas consequ\u00eancias negativas de abandono, de rejei\u00e7\u00e3o, de interrup\u00e7\u00e3o do v\u00ednculo e tantos outros aspectos negativos que as crian\u00e7as nesta situa\u00e7\u00e3o pode viver. Mas como toda pesquisa traz algo novo, esse trabalho p\u00f4de apresentar outra face do processo de devolu\u00e7\u00e3o em que pela experi\u00eancia vivida crian\u00e7as e adolescentes podem se sentir melhor e mais seguras por estarem num abrigo.<\/p>\n

Como declara Franzolin (2010) \u201cquanto mais a crian\u00e7a se vincula aos guardi\u00f5es, mais certezas ou incertezas passam a reinar em sua vida. Ela n\u00e3o sabe se ir\u00e1 permanecer na conviv\u00eancia da fam\u00edlia do guardi\u00e3o; por outro lado, estreita la\u00e7os de afeto com a mesma. Afinal, a crian\u00e7a fica exposta \u00e0 decis\u00e3o dos guardi\u00f5es que podem ou n\u00e3o revogar a guarda\u201d. Com toda certeza este fato \u00e9 uma consequ\u00eancia muito negativa, todo esse processo de inicia\u00e7\u00e3o do v\u00ednculo, da cria\u00e7\u00e3o de afeto com esses pais ser interrompido de forma absolutamente destrutiva \u00e0 crian\u00e7a pode gerar traumas psicol\u00f3gicos muito grandes, como nos afirma Silva (2003) quando diz: \u201cN\u00e3o havendo adapta\u00e7\u00e3o entre as partes, para a crian\u00e7a ou adolescente devolvido representar\u00e1 um duplo desamparo e a consequente reinstitucionaliza\u00e7\u00e3o da crian\u00e7a ou adolescente, gerando, assim, transtornos de ordem emocional.\u201d<\/p>\n

Mas por outro lado se n\u00e3o houve forma\u00e7\u00e3o de v\u00ednculo, n\u00e3o houve boa conviv\u00eancia e apego das crian\u00e7as com os pais esse desligamento pode n\u00e3o ser doloroso e pode n\u00e3o trazer nenhum preju\u00edzo relevante \u00e0 crian\u00e7a. Pode at\u00e9 se pensar em preju\u00edzo o fato de ter sido um conv\u00edvio desagrad\u00e1vel onde n\u00e3o havia respeito e cuidado, isso pode gerar uma tristeza, mas pode tamb\u00e9m trazer bons sentimentos, de n\u00e3o estarem mais numa conviv\u00eancia dif\u00edcil e n\u00e3o experimentarem conflitos geradores de medo. Este fato confirma a conclus\u00e3o da presente pesquisa que p\u00f4de levar a uma nova perspectiva da crian\u00e7a devolvida.<\/p>\n

E ainda pode-se levar em considera\u00e7\u00e3o a conviv\u00eancia no abrigo que pode ser favor\u00e1vel e construtiva levando em conta os projetos realizados dentro da institui\u00e7\u00e3o, a intera\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as com a arte, com m\u00fasica entre outras atividades que s\u00e3o proporcionadas em alguns abrigos, como \u00e9 o caso do abrigo onde est\u00e3o as meninas relatadas no presente trabalho, al\u00e9m de terem acompanhamento psicol\u00f3gico que s\u00e3o de grande ajuda para a crian\u00e7a digerir toda a situa\u00e7\u00e3o vivida por ela. Esses aspectos pode levar a crian\u00e7a a preferir viver no abrigo a enfrentar tudo o que viveram novamente.<\/p>\n

5. Considera\u00e7\u00f5es Finais<\/h2>\n

Em vista dos argumentos apresentados o presente estudo trouxe informa\u00e7\u00f5es importantes sobre o sentimento da crian\u00e7a devolvida \u00e0 justi\u00e7a no cancelamento da guarda provis\u00f3ria dentro do processo de ado\u00e7\u00e3o. Assim sendo ao apresentar a sociedade o sentimento de uma crian\u00e7a ap\u00f3s esse cancelamento de guarda traz uma nova concep\u00e7\u00e3o a respeito da ado\u00e7\u00e3o, levando a conscientiza\u00e7\u00e3o em termos de adotar, visto que \u00e9 absolutamente necess\u00e1rio ter certeza plena e firme de desejo da ado\u00e7\u00e3o, percebe-se tamb\u00e9m antes de tomar a decis\u00e3o por uma ado\u00e7\u00e3o o candidato a adotar deve estudar minuciosamente todos os aspectos relacionados a ado\u00e7\u00e3o e conhecer esses casos de devolu\u00e7\u00e3o para refletir e levar em conta esse situa\u00e7\u00e3o evitando assim que cres\u00e7a esse n\u00famero de devolu\u00e7\u00f5es e consequentemente danos maiores \u00e0 crian\u00e7a e a eles mesmos.<\/p>\n

O Estatuto da crian\u00e7a e do adolescente (1990) garante no Art. 3\u00ba \u201cA crian\u00e7a e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes \u00e0 pessoa humana, sem preju\u00edzo da prote\u00e7\u00e3o integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento f\u00edsico, mental, moral, espiritual e social, em condi\u00e7\u00f5es de liberdade e de dignidade\u201d. E nesse contexto n\u00e3o se deve iniciar um processo de ado\u00e7\u00e3o sem ter claramente definido dentro de si a convic\u00e7\u00e3o do desejo de adotar para cuidar.<\/p>\n

Como nos diz Toledo (2013) \u201dO processo de ado\u00e7\u00e3o \u00e9 \u201cmedida excepcional\u201d que s\u00f3 \u201cser\u00e1 deferida quando apresentar reais vantagens ao adotando\u201d, tendo em vista que toda crian\u00e7a e adolescente tem o direito de ser criado por sua fam\u00edlia e por satisfazer sua prote\u00e7\u00e3o integral.\u201d Assim sendo a ado\u00e7\u00e3o deve ser vista como um projeto em favor da crian\u00e7a juntamente com o desejo dos adotantes em constituir uma fam\u00edlia promovendo uma ado\u00e7\u00e3o bem sucedida.<\/p>\n

Fonte:\u00a0Psicologado<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar \u201co sentimento da crian\u00e7a ou adolescente ap\u00f3s o cancelamento da guarda provis\u00f3ria\u201d realizado em um abrigo no munic\u00edpio [\u2026]<\/span><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":211,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/195"}],"collection":[{"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=195"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/195\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":197,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/195\/revisions\/197"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/211"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=195"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=195"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/sinapsesinstituto.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=195"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}